segunda-feira, março 01, 2010

Qualintéfaro e a toupeira

Nas suas perambulações pelo Mundo, múltiplas foram as maravilhas que Qualintéfaro testemunhou. Mas nenhuma terá sido mais desconcertante que a Toupeira.
Certo dia, meditava Qualintéfaro sob a sombra fresca de uma ponte antiga, surgiu-lhe flutuando a visão de uma toupeira, que assim se lhe dirigiu:
"Ouve, Qualintéfaro, tu a quem foram dados olhos de ouvir. Nada mais desejo senão chegar ao Sol. Sou uma criatura solar a quem os malfadados destinos negaram a visão. Aponta-mo, Qualintéfaro, e te concederei aquilo que mais desejares.
Sem uma palavra (pois sabia que o silêncio é a melhor forma de romper a cegueira), Qualintéfaro levantou um braço e com o dedo indicador apontou o chão.
Com um suspiro, a criatura concedeu:
"A tua sentença é justa, e acato-a. Sou uma criatura lunar condenada a perscrutar as profundezas. É essa a minha grandeza e Visão."
Com gestos lentos e solenes a toupeira escavou o solo e por ele deixou-se tragar. A sentença de Qualintéfaro era justa.

A moral da história? Qualintéfaro não deveria ter comido aquela dobradinha antes de meditar.

Anónimo

1 comentários:

Célia Regina disse...

Determinismo - 1 Livre-arbítrio - 0

Uma bela história que aqui está.