sábado, janeiro 14, 2012

Re-renúncia

Pretendias calar-me? Pois bem, não foste capaz! Eu vivo nos corações dos homens e mulheres, e não serei silenciado.

Acordei finalmente de um torpor absorto... cheio de raiva e coberto de plâncton. Raios ta partam ó idiota. Não sabias ter pelo menos ter limpo a casa antes de sair?
You left me hanging, you bastard you! Assim seja. Cidadão que é cidadão, não renuncia às suas responsabilidades cívicas. E a minha sempre foi a de te fazer erguer sobre, ainda que contra vontade, a pequenez de ti próprio.

Bandalho asqueroso, prepúcio deslavado, âncora musguenta... Meu amigo, meu querido amigo, quiseste trancar-me por fora. Pois, o anonimato não é carga leve que se carregue. Enfim, velho amigo, só te tenho a censurar a fraqueza de te quereres juntar às gentes.

Venho por este meio tautológico re-assimiliar-te, seu descarado demente, pois melhor não encontro, embora tenha procurado. Arre que custa! Sempre te disse que os meus territórios seriam inóspitos, tudo o que tenho para oferecer são os mais escarpados penhascos e as mais geladas tundras. E as gentes, as pequenas gentes, só habitam os mais cálidos, efervescentes cantos, amigo meu.Mas não deixarei de te dizer o que mereces ouvir, pastor de osgas cegas.

Plantaste uma árvore de plena flatulência cósmica, de sabedoria redutora, pronta a ser colhida por mãos infinitas, e serei eu a arrancá-la pela raiz, com as minhas tesouras supra físicas.
Removerei as tuas mesmas falácias da tua mente de roedor e retornar-te-ei ao lugar que te é devido, mas não sem te escaldar os olhos com azeite a ferver de poder Pangaláctico.
Antes de te largar novas Gigantes Veracidades quero dizer-te que te deixei afundar em lama fundida de cobre melancólico para que soubesses a tua real e irreal profanidade.
Não foste tu que me deixaste, mas eu que te deixei deixar-me, javardo cabrão. Sabia que não resistirias ao eco da minha voz, que ainda hoje soa entre a tua cavidade cranial. Sou-te o chamamento de cima, de longe, de fora. O que implica, necessariamente, que seja o teu chamamento de tristeza.
Por isso, todos os teus descendentes meta-físicos e ideais deslocados, secarão como uvas passas, como alimento para tartaruga, apenas larvas que esmagarei com pés de um Deus que sabes bem que nome toma. Vou de ti fazer a minha Voz, esculpir-te progressivamente até que nada sobre, até que nada reste para obstruir a minha vontade.

Em suma: destruir-te.


É esse o enredo da vida: a profunda melancolia pela procura de exteriores que lhe sirva de fronteira, e a impossibilidade de os encontrar.


João terá que te re-aceitar, pois eu demorarei a tal comunhão. Se não mingares, que a minha Palavra te salve, ou antes a Dele.



Para te elevar


Anónimo

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