segunda-feira, setembro 06, 2010

Qualintéfaro e o Coleccionador de Azares - Parte I

Quando Qualintéfaro era novo e aventureiro, viajante e explorador, costumava mapear as zonas mais conhecidas para poder corrigir aqueles que, por dinheiro e ganância, fome glória, faziam mapas de sítios que apenas visitavam uma vez e vendiam a editoras de mapas por fortunas, garantindo uma qualidade invariável. "Mentiras" dizia Qualintéfaro.
E então, nessas viagens, apontava nos seus cadernos tudo o que via e observava, para poder refutar estes ignorantes.
É numa dessas novas aventuras, que este rapaz encontra uma personagem curiosa.
Num caminho de terra que levava uma terriola a outra, depara-se com um pequeno inventor. De tenda montada a beira estrada, atendia clientes na hora, despachando-os com belas prendas e relógios arranjados.
Atento, Qualintéfaro entrou na pequena tenda corniforme, de ponta vermelha sangue.
Fica mesmerizado com o interior: quinquilharias, cordas e pequenos tambores por todo o lado; rodas dentadas, pregos e parafusos numa enorme mesa à sua frente, todos com a sua etiqueta. E dum lado da tenda, um enorme baú, vestido de cordas e roldanas.
-Bom dia. - disse Qualintéfaro a medo.
-Bom dia, um momento. - uns segundos depois sai um pequeno macaco, de curtos braços e pernas. Com um andar um pouco à pinguim, passa pelos pregos e porcas e atravessa a mesa - Deixe-me vê-lo melhor, aproxime-se! - acrescenta com um tom rouco.
Agora mais perto, via-se o seu pelo esbranquiçado e a sua pequena bengala vermelha.
Leva com a outra mão um pequeno chapéu de coco vermelho a cabeça e pergunta.
- Que posso fazer por ti, moço?
Qualintéfaro responde com alguma prepotência de rapaz armado em homem.
- E então o que pode fazer você por mim???
- Ah! mas que não posso eu fazer por si!! ahahah! - o macaco parece ganhar nova vida e começa a puxar cordas e bater com as patas na mesa; alavancas aparecem de todos os lados e puxa-as também, e de repente uma data de maquinas circundam os dois.
O macaco olha de lado para Qualintéfaro:
- Preparado? Já agora o meu nome é Zintólas, o Inventor dos Macacos. - e espetando a sua bengala na mesa, as máquinas atacam.
Um zombeirão eleva-se na sala como num parlamento de abelhas e as máquinas começam a levantar e a despir Qualintéfaro, roubando-lhe todos os seus pertences.
Neste momento, Qualintéfaro sentindo-se humilhado e roubado começa a espernear e grita:
- Largue-me, Pouse-me, Deixe-me em Paz! Mande-as Parar! - mas o som sai abafado pelos zumbidos das roldanas e do correr das cordas. Esperneia-se mas a sua força não chega para se libertar dos braços de madeira e mãos de latão que o seguram.
O macaco Zintólas aproxima-se com um sorriso, passando à vontade por entre as máquinas.
- Não se preocupe! Não lhe farão mal! Como eu sempre disse: "se houver máquinas para o fazer, porque irei eu sujar as mãos? Sujei-as a fazê-las!"

Anónimo Por Partes

2 comentários:

João Branco disse...

Gostava que me deixasse anunciar o meu blog pessoal aqui neste espaço: www.joaorbranco.blog.com

Anónimo disse...

Com certeza, no entanto pedia-lhe que fizesse o mesmo no seu blog.

Obrigado pela visita.

Anónimo