domingo, abril 11, 2010

Qualintéfaro e a Serpente de Fios Dourados

Havia na floresta a sul da casa de Qualintéfaro uma serpente dourada. Dizia-se que era dourada porque a sua pele era feita de fios d'ouro, e que em cada um se podia ler o destino de uma pessoa.
Polichinelo que era, Qualintéfaro passava horas naquela floresta, sempre em busca desta serpente.
E não é que um dia a encontra?
Bela tarde passaram perdidos pela floresta em conversas surreais, eticamente rebuscadas e cheias de per-fusões antropológicas.
A certa altura, a serpente, cujo nome viria Qualintéfaro a dar de Percemides, pede-lhe uns momentos e esconde-se atrás dum arbusto. Sai com algo que parecia ser um saco dourado na boca.
Tratava-se de facto da sua pele, pele que tinha acabado de escamar.
Percemides pede então a Qualintéfaro para coser um chapéu, para que ele, quando o vestisse, pudesse saber os destinos de todas as pessoas que viveram naquela Era.
Percemides mudava de pele de centenário em centenário, desde o início do Tempo, ou Afonso, como ela gostava de lhe chamar.
Prontamente Qualintéfaro cose um fabuloso chapéu, dourado, onde a luz reflectia em cada escama um brilho intenso, e por vezes, quase se podiam ver faces de pessoas escondidas por trás daquele radiante assessório.
Percemides quando viu o chapéu vestido, assustou-se e fugiu.
Qualintéfaro, ficou um pouco preocupado na altura, mas (como ainda não tinha sentido nada em relação ao chapéu) deixou-se andar e voltou para casa.
Uns Afonsos depois, vestiu o chapéu quando estava a apanhar sol no seu alpendre e o chapéu revelou-lhe o seu destino e começou a arder.
Qualintéfaro é careca desde então.
Moral da história, nunca vistas fogo como chapéu.

Anónimo

0 comentários: