quinta-feira, outubro 22, 2009

Diatrip

Aqui o Cidadão sempre fez campanha pela substituição da instituição obsoleta que é a Política pela Arte. Troque-se o debate por lindas lutas de tartes. Reserve-se o Parlamento às produções teatrais. Façam-se eleições não com o voto, mas com ovações. Faça-se poesia, não ideologia!
Os detratores da Arte dirão: "Ah, circenses, circenses, é tudo muito bonito mas quem trata do panem? A quem é que a Arte alguma vez deu de comer?" Pois bem, Salvador Dali foi obscenamente rico e Picasso pagava os bagaços com Arte! E eu devolvo a questão: a quem é que a Arte alguma vez privou de comer? Exceptuando o próprio artista? E quantos milhões não afastou a Política do pão que lhes era devido? Ah, a Arte é inocente, meus amigos! Não tentem vestir-lhe culpas que não lhe servem. A Arte é inimputável!
Desde muito cedo a Arte percebeu a importância vital do hedonismo, e é por isso que os maiores artistas foram quase sempre uns javardos de primeira. E se por vezes tropeçavam na Política era porque a folia lhes embotava o juízo, e por serem incapazes de dizer não a uma boa droga.
Acusar-me-ão de incitar à desordem. Ah, mas que falta fazia um pouco de caos que sacudisse o bafio das sérias convicções. Apelidar-me-ão de "anarquista"... Mas um anarquista nem sempre é anarca. Por vezes é democrata, outras aristocrata, até mesmo sociopata. Mas nunca, nunca autarca. Credo!

Anónimo

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