quinta-feira, julho 09, 2009

O fosso da espiral

O Universo é vasto e incompreendido, é estranho, dúbio, como um amigo que ainda não conhecemos muito bem.
A Vida é ainda mais estranha, a Morte certa.
Neste Universo o Tempo caminha a passo acertado, marchando sem medos ou preconceitos.
O Tempo é um vagabundo perdido, procurando o Norte num deserto, caminhando em frente, não se apercebendo que viaja em círculos.
O Homem, a humanidade, a vida impossível, agarrada ao Tempo, como um pequeno peixe às cavalitas de um tubarão, espera estar protegido de caçadores maiores.
O Homem viaja então também em círculos, perdido, reconhecendo os mesmos avisos e buracos, as mesmas pressões e consequências, preferindo seguir o Tempo em vez de criar o seu próprio caminho.
Percorre uma espiral, uma espiral descendente em direcção ao abismo, ao sem-fim, ao finar do indivíduo.
É neste indivíduo que caem as esperanças, é este indivíduo que sairá da calçada da espiral e cairá no vazio entre as linhas espaço/temporais que quase se tocam nas voltas que dão.
Esperamos o dia da quebra das correntes, o dia em que a espiral se parte, o dia em que a escadaria para o Infinito racha e cai.

Anónimo

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