quinta-feira, março 02, 2006

Em mim estao todas as vozes do mundo
ressoando nas cavernas dos meus pulmoes
Espalhadas como tesouros nos canais da respiraçao,
todas as palavras que foram ditas e as que ainda nao foram inventadas;
aglutinam-se na minha garganta as línguas desconhecidas, mesmo as que nao sao da Terra

Falta apenas um movimento de descontracçao muscular,
esse precioso momento de distracçao da cabeça,
para que jorrem de mim todos os mistérios da Criaçao

Emissoes sónicas vibrantes de significado que ultrapassam a causalidade das línguas
pela minha garganta animal, que nao se inibe em blasfémias nem meias-verdades nem vontades nem emoçao
Esta força de luz e som primal
que todas as muralhas derruba, todos os véus desintegra, toda ilusao perfura

Falta mesmo só o relaxamento do músculo,
abrir os canais receptores e apontá-los, para dentro e para fora,
e deixar passar pelos claustros torácicos
o que quer que o corpo capte

Anónimo, artista laureado e narcisista assumido

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