Qualintéfaro e os deuses
Certa manhã rabugenta, o nosso querido Qualintéfaro barafusta com todos os atentos que se lhe aparecem adiante.
"E raios partam aquele batráquio que ia lá atrás! Devia partir uma perna!" - raivou aos ventos.
Continuou assim mais uns momentos aquando apercebe-se de que entrara para um pequeno festival numa clareira da floresta na montanha onde tinha virado à esquerda.
Vários e variados e variadas também: cores, crenças e pessoas para todo o gosto. Uns dançam, outros bebem e fumam, todos falam.
Mas de quando a quando vai ouvindo espontaneamente queixumes, choros e interjeições de todo o tipo.
Uma querida dizia - "Quem dera que tudo corra bem...";
Outro pequeno cantava - "E vocês, que acabem de nariz partido!";
E uma feliz ditava - "E tu, espero que sejas tudo o que queres ser.";
Nesta última não percebeu se seria ironia.
Perguntou então porque tinham eles esta atitude e estas expressões.
Disseram-lhe que se tratava de um festival de deuses e que estavam ali todos: a do sentimento de impotência, óbvio; o do sentido de inferioridade; até o cínico do deus do sentimento da caridade.
Todos nasceram dos vossos complexos, meus meninos.
Moral da estória: num festival de deuses, deus é o satisfeito.
Anónimo
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